domingo, 3 de abril de 2011

Carreiras de futuro, muito necessarias hoje

RAI – Revista de Administração e Inovação ISSN:

James Terence Coulter Wright
1809-2039 Organização: Comitê Científico Interinstitucional Editor Científico: Milton de Abreu Campanario Avaliação: Double Blind Review pelo SEER/OJS Revisão: Gramatical, normativa e de Formatação O MERCADO DE TRABALHO NO FUTURO: UMA DISCUSSÃO SOBRE PROFISSÕES INOVADORAS, EMPREENDEDORISMO E TENDÊNCIAS PARA 2020 Doutor em Administração de Empresas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP
Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP
jtwright@usp.br
Antonio Thiago Benedete Silva Mestrando em Administração na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – FEA/USP
Professor do curso de graduação em Administração da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP
atbenedete@usp.br
Renata Giovinazzo Spers Doutora em Administração Universidade de São Paulo – USP
Professora e coordenadora do Mestrado Profissional de Projetos da Fundação Instituto de Administração – FIA
renatag@fia.com.br
RESUMO As inovações tecnológicas, organizacionais e de mercado têm impulsionado profundas transformações no mundo do trabalho. Diversas profissões com conteúdos inovadores estão sendo criadas, visando acompanhar o ritmo das mudanças. Transformações estruturais nas relações de trabalho também têm sido observadas. Como consequência dessas transformações, o empreendedorismo tem sido a alternativa para a geração de emprego e renda. Nesse contexto, esta pesquisa procurou identificar quais serão as profissões mais prováveis de se desenvolver no futuro e onde estarão as oportunidades de negócios para empreendedores, considerando o ano de 2020. Para tanto, foi utilizada a Técnica Delphi, a qual possibilita a identificação de tendências e eventos futuros a partir do uso estruturado do conhecimento de especialistas. Foram realizadas duas rodadas de consulta, com 96 respondentes na Rodada 1 e 112 respondentes na Rodada 2. Os resultados finais apontaram que a ênfase crescente na inovação, a busca por qualidade de vida, o envelhecimento da população e a preocupação com o meio ambiente serão importantes impulsionadores das carreiras mais promissoras nos próximos anos. É vislumbrado um futuro no qual será possível interagir com profissionais como Gerentes de Eco-Relações, Chief Innovation Officers e Bioinformacionistas. Quanto ao empreendedorismo, os especialistas projetaram uma participação no mercado de trabalho de 17% em termos de População Economicamente Ativa. Pelos resultados, é possível apreender que há expectativa de aumento da participação das atividades empreendedoras no mundo do trabalho no futuro, as quais conviverão com as profissões com conteúdos inovadores identificadas no estudo. Palavras-chave: Técnica Delphi; Profissões do futuro; Empreendedorismo. O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020 Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 175 1 INTRODUÇÃO Vista a partir de uma perspectiva global, a mudança nos mercados de trabalho tem sido conduzida por forças poderosas e interconectadas: rápidos avanços e inovações tecnológicas, organizacionais e de mercado e a sua difusão mundial, o aumento do comércio e dos investimentos diretos no exterior, a intensificação da concorrência nos mercados internacionais e, mais recentemente, as alterações climáticas e a necessidade urgente de melhorar a gestão da energia e dos resíduos. Juntas, essas forças têm o potencial de desencadear transformações importantes nos sistemas econômicos em todas as regiões do mundo. As tendências e forças que podem ser identificadas hoje moldarão os trabalhos do futuro. Globalização, envelhecimento da população e tendências sociais, tecnológicas e nos negócios criarão oportunidades para diversas profissões, com nomes que muitas vezes ainda não existem atualmente (Challenger, 2005; Paterson, 2002).
Relatório publicado pela Divisão de Estatísticas do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos afirma que os trabalhos de amanhã serão encontrados significativamente no setor de serviços, particularmente relacionados à saúde, comunicação e internet (Crosby, 2002). Áreas relacionadas à estética, cuidados com a saúde e viagens também serão especialmente férteis.
Associado ao mercado de trabalho, um outro fenômeno relevante pode ser identificado: o do empreendedorismo. De acordo com Passos (2007
Uma análise das características do empreendedorismo no Brasil, em 2007, mostra que 48% dos empreendedores são homens e 52%, mulheres; 56% partem para o negócio próprio motivados por uma oportunidade, enquanto 42% são motivados pela necessidade; no que diz respeito aos setores de atividades, podem ser destacados os de serviços orientados aos consumidores e de transformação que representaram, respectivamente, 54% e 29% dos empreendimentos iniciais.
Diante desse contexto, este trabalho procura responder as seguintes questões: quais serão as profissões mais prováveis de se desenvolver no mercado de trabalho no futuro? Onde estarão as oportunidades de negócios para empreendedores? Para tanto, foi realizada uma pesquisa aplicando a Técnica Delphi em duas rodadas de consulta a especialistas, com 96 respondentes na Rodada 1 e 112 respondentes na Rodada 2.
), estudo que mede as taxas do empreendedorismo mundial, o Brasil apresenta um taxa média de atividade empreendedora de 12,8% da população economicamente ativa, sendo uma das mais altas do mundo. O trabalhador assalariado formal vem gradativamente assumindo funções típicas do empreendedor e também assumindo os riscos da atividade empreendedora (Passos, 2007). James Terence Coulter Wright; Antonio Thiago Benedete Silva & Renata Giovinazzo Spers Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7 , n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 176 Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2001), é necessário melhorar a capacidade de instituições da sociedade para coletar e comunicar informação confiável e atualizada sobre as demandas do mercado de trabalho, como uma base para melhores escolhas dos interessados – população, empresas, governos e instituições de ensino – e orientação profissional. Ainda para a OIT, um país precisa ter uma política de desenvolvimento de competências que contemple três objetivos: combinar a procura e a oferta de novas competências; facilitar a adaptação e a mitigação dos seus custos; e manter um dinâmico processo de desenvolvimento. É nesse sentido que os estudos do futuro podem oferecer uma contribuição, na medida em que prospectam tendências, apontam caminhos e oferecem um referencial de discussão para o desenvolvimento de planos estratégicos para que se aja em direção ao futuro desejado. 2 MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL E EMPREGABILIDADE Para Chahad (2003), durante a década de 90, intensificou-se um processo de transições experimentado pelo Brasil, com efeitos na estrutura produtiva e, consequentemente, no mercado de trabalho nacional. A abertura comercial, a estabilidade de preços, as privatizações, as inovações tecnológicas e o fenômeno demográfico atuaram conjuntamente na promoção de transformações na estrutura, no funcionamento e na evolução do mercado de trabalho brasileiro. Para o autor, as principais tendências verificadas no mercado de trabalho após a segunda metade da década de 90 foram:
Crescimento contínuo da PEA, fruto de fortes pressões demográficas;
Crescimento lento da ocupação total, em virtude, especialmente, das restrições ao trabalho infantil e do jovem (legislação mais severa), e das limitações impostas ao trabalho dos não qualificados (inovação tecnológica e ambiente empresarial altamente competitivo);
Queda no emprego industrial decorrente do ajuste produtivo (consequência da abertura comercial) e aumento no emprego do setor Serviços (rota para uma sociedade moderna);
Estagnação do emprego com carteira assinada e aumento de formas atípicas de contratação (assalariado sem carteira assinada) e ocupação (autônomos), em parte refletindo a demanda por flexibilização nas relações de emprego e, também, decorrente da pobreza e miséria, mas, em ambos os casos, originando um aumento da informalidade no mercado de trabalho;
O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020 Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 177 Aumento no conjunto de assalariados trabalhando mais que a jornada legal de trabalho, outro reflexo da busca da flexibilização, especialmente por causa da estrutura rígida de encargos trabalhistas;
Avanço da terceirização da mão de obra, determinado, igualmente, pela busca de relações menos rígidas de emprego que permitam uma redução do custo da mão de obra;
Forte crescimento do desemprego aberto decorrente tanto das crises de natureza conjuntural, com o intuito de preservar a estabilidade de preços ou defender-se de crises internacionais, quanto de natureza estrutural, fruto do desajuste entre o perfil de mão de obra demandada e a qualidade da oferta de trabalho existente;
Elevação do chamado
Queda acentuada, e generalizada, do rendimento real do trabalhador ocupado assalariado (com ou sem carteira); absorvido pelo setor público ou privado, terceirizado ou não, atuando em atividades de Direção, ou de Execução ou de Apoio; empregado em pequenas ou grandes empresas; ou possuindo pouca ou muita experiência na empresa. Parte dessa queda dos ganhos reais pode ser atribuída à relativa estagnação do PIB, ou ao declínio da atividade econômica, existindo ainda os que acreditam tratar-se da continuidade do processo de flexibilização do mercado de trabalho, na ausência de uma reforma trabalhista ampla.
Diante de todas essas tendências e desafios enfrentados no mercado de trabalho, tem ganhado crescente importância o conceito de empregabilidade. A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2001) define empregabilidade como uma capacidade do indivíduo para assegurar e manter um trabalho digno, para progredir dentro da empresa e entre os empregos, e para fazer face à evolução das tecnologias e condições do mercado de trabalho. Sarsur (2001) afirma que a discussão sobre o termo empregabilidade é relativamente recente no Brasil, com maior destaque a partir dos anos 1990. Para a autora, a empregabilidade pode ser entendida como uma ação individual, que pode ser estimulada ou não pelas organizações, que faz com que profissionais de todos os níveis procurem estar mais bem preparados para enfrentar o mercado de trabalho e suas mutações, pressupondo uma postura proativa, no sentido de qualificar-se permanentemente, em termos de habilidades e capacidades técnicas,
desemprego de longo prazo, seja pelo agravamento das oportunidades de emprego derivado do ambiente competitivo imposto pela globalização, seja pela inexistência de um sólido Serviço de Emprego que permita assistir o desempregado em sua busca por trabalho, com uma ampla oferta de serviços; James Terence Coulter Wright; Antonio Thiago Benedete Silva & Renata Giovinazzo Spers Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7 , n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 178 humanas, conceituais e de relações sociais. Tal ação pressupõe uma maior possibilidade de permanecer num mercado de trabalho crescentemente competitivo e restrito, seja através de um vínculo de emprego formal, assalariado, seja atuando em diferentes organizações, mantendo uma demanda frequente por seus serviços e obtendo, daí, remuneração permanente (Sarsur, 2001). Esse conceito é amplo e abre campo para inserir na discussão um outro conceito fundamental em perspectiva ampliada: a ação empreendedora. 3 NOVAS FRENTES E PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS: O EMPREENDEDORISMO Estar engajado em um processo contínuo de ação empreendedora tornou-se uma fonte de vantagem competitiva (Kuratko, 2009). Mas muito se discute sobre o conceito de empreendedorismo.
Para Harper (2008), no nível mais básico, o empreendedorismo envolve a descoberta e a criação de novas soluções e finalidades. Para esse autor, a descoberta empreendedora é definida como um processo de solução de problemas de busca por lucro que acontece em condições de incerteza estrutural, exigindo o exercício de imaginação e julgamento crítico na identificação de problemas (oportunidades) e na geração de soluções para serem testadas. Segundo Shane, Locke e Collins (2003), para que a ação empreendedora seja possível é preciso haver independência. Para os autores, a independência pressupõe o indivíduo assumir a responsabilidade por usar seu próprio julgamento em vez de cegamente seguir as direções de outros. Envolve também assumir a responsabilidade pela sua própria vida em vez de viver dos esforços de outros.
Dornelas (2005) afirma que definições mais abrangentes mostram que o empreendedorismo vai além do ato de abrir novas empresas e que pode estar relacionado a vários tipos de organizações, em vários estágios de desenvolvimento. O autor resgata as definições clássicas da
Harvard Business School e do Babson College. Para a Harvard Business School, o empreendedorismo é a identificação de novas oportunidades de negócio, independentemente dos recursos que se apresentam disponíveis ao empreendedor. Já o Babson College define o termo de forma ainda mais abrangente: o empreendedorismo é uma maneira holística de pensar e de agir. O ato de empreender está relacionado à identificação, análise e implementação de oportunidades, tendo como foco a inovação e a criação de valor. Nesse sentido, McGrath e MacMillan (2000) enfatizam que, do ponto de vista estratégico, é fundamental a incorporação de um mind-set empreendedor, particularmente em ambientes de competição e mudança de alta velocidade. O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020 Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 179 Aplicado ao nível pessoal, ao aproximar o conceito de empregabilidade ao de empreendedorismo, pode-se depreender que a aplicação efetiva da capacidade de se manter empregado está ligada às características empreendedoras, principalmente quando considerada uma maneira holística de pensar e de agir, orientada para a busca de oportunidades. Nessa linha, Harper (2008) enfatiza que o empreendedorismo não se limita à criação de empresas, sendo a firma uma entre várias estruturas de governança para organizar transações econômicas. Para o autor, o empreendedorismo pode estar mais amplamente difundido entre os indivíduos, inclusive dentro de empresas já existentes.
A figura do empreendedor ganhou destaque com Schumpeter (1934), que o descreve como aquele que enfrenta todas as diversidades existentes para realizar uma inovação, contando às vezes muito mais com a intuição do que com seu conhecimento de negócios. Por isso, a atividade empreendedora não poderia ser totalmente ensinada, estando muito mais relacionada a
Para Erikson (2002), seguindo a linha das características empreendedoras, a criação de uma empresa bem-sucedida requer recursos tangíveis e intangíveis substanciais. Nessa perspectiva, o desafio para empresas emergentes é a capacidade de demonstrar os recursos intangíveis presentes na iniciativa, como capital empreendedor. É a qualidade da capacidade empreendedora, isto é, a capacidade de gerar rendas futuras, que conta para a sua eficiência. É fundamental demonstrar competência e comprometimento, e potencial para comportamento empreendedor sustentável. Além disso, há uma relação dinâmica entre comprometimento e competência: um aumento do nível de competência empreendedora percebida fortalecerá seu comprometimento empreendedor. Por exemplo, indivíduos que percebem uma alta capacidade definem metas mais desafiadoras para si mesmos e possuem um comprometimento mais forte com essas metas.
Filion (1999) acrescenta que o empreendedor é alguém com capacidade de estabelecer objetivos e encontrar oportunidades, e para isso faz uso de sua criatividade e do conhecimento do ambiente no qual se encontra inserido. A orientação de suas decisões é o contínuo aproveitamento de oportunidades por meio de inovações, o que implica assumir riscos moderados. Conforme afirma Drucker (1987), a inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança, como uma oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente. Segundo o autor, o ambiente oferece fontes importantes para oportunidades empreendedoras, devendo-se monitorar, por exemplo, mudanças demográficas – definidas como mudanças na população, sua
insights e características particulares do empreendedor. Por sua vez, Usher (1988) propôs uma abordagem mecanicista da inovação, que valorizava o papel da educação e dos conhecimentos (acts of skill) do empreendedor na hora de inovar. James Terence Coulter Wright; Antonio Thiago Benedete Silva & Renata Giovinazzo Spers Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7 , n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 180 grandeza, estrutura etária, composição, emprego, status educacional e renda – que provocam um forte impacto sobre o que será comprado, por quem e em que quantidade (Drucker, 1987).
Assim, profissionais com posturas empreendedoras para as suas carreiras devem monitorar o ambiente e as fontes de inovações e mudanças tanto quando o objetivo é a busca de oportunidades de negócios como quando o objetivo é desenvolver competências para se inserir no mercado de trabalho e, assim, oferecer habilidades requisitadas pelo mercado. Quando considerada, por exemplo, a tendência de elevação do chamado
A atuação empreendedora do sexo feminino é proeminente no Brasil. O número de empresas criadas por mulheres é cada vez maior: segundo Passos (2007), as brasileiras ocuparam o 7º. lugar, no ranking mundial como mais empreendedoras, com uma taxa de 12,71% (aproximadamente 8 milhões). Essas empresas ainda se destacam por apresentarem uma sobrevivência maior do que a média de vida dos novos empreendimentos. Muitos autores acreditam que essas experiências bem-sucedidas de negócios estão intrinsecamente ligadas à forma de liderar das mulheres (Machado, 1999).
Também vale mencionar o papel do jovem empreendedor brasileiro. Em 2006, 54% das empresas nascentes e 57% das empresas com menos de três anos tinham à sua frente alguém com menos de 35 anos (Schlemm et al., 2007). É possível ainda que nos próximos anos um número maior de cidadãos decida ser dono do próprio negócio, pois o empreendedorismo é uma das estratégias de agentes públicos para reduzir o desemprego entre jovens (Sela, Sela, & Franzini, 2006). Nesse sentindo, destaca-se o programa
Aplicado ao contexto de criação de empresas, a análise da atividade empreendedora no Brasil revela ser ela 39% maior que a média mundial, enquanto o crescimento da renda
desemprego de longo prazo, provocado pelo agravamento das oportunidades de emprego derivado do ambiente competitivo imposto pela globalização, apontada por Chahad (2003), esse conceito ganha ainda mais importância, reforçado pelo fato de, no Brasil, 42% dos novos empreendimentos serem motivados pela necessidade (GEM, 2007). Jovem Empreendedor do governo federal, lançado em 2004, cujo objetivo é criar novas oportunidades de renda para jovens de 18 a 24 anos. per capita brasileira representa apenas 69% do valor do crescimento médio mundial da renda per capita. Segundo Passos (2007), o Brasil, como em anos anteriores, demonstrou a grande capacidade empreendedora de sua população ao atingir uma Taxa de Atividade Empreendedora (TAE) de 12,72% da População Economicamente Ativa (PEA) em 2007. Esse valor o posiciona na 9ª colocação entre os 42 países que participaram da pesquisa. O valor da TAE para 2007 é muito semelhante à média dos últimos sete anos de participação do Brasil, que é de 12,83%. Ao se comparar esse valor à média da TAE para os países que participaram de todas as coletas de 2001 a 2007, pode-se observar que a taxa média brasileira permanece sistematicamente acima da média mundial, ou seja, a população brasileira é em média O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020 Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 181 87,61% mais empreendedora do que o grupo de países que participaram de todas as edições da Pesquisa GEM de 2001 a 2007.
Para explicar esta elevada TAE, pode-se dizer que diante dos altos índices de desemprego e informalidade no mercado de trabalho brasileiro na década de 90, o empreendedorismo encontrou um ambiente favorável para sua disseminação, por isso apresentou-se como alternativa legal aos trabalhadores à época (Lima, 2008).
Complementarmente, contribuiu para o sucesso dessas empresas iniciadas nos anos 1990 e para o surgimento de outras que viriam nos anos seguintes a estabilidade econômica do país. Com ela vieram os itens que Bidhé (2000) definiu como as condições necessárias para que pequenos empreendimentos cresçam, como impostos proporcionais ao tamanho da empresa, pequena concentração de mercado para facilitar a entrada de novos competidores, alta mobilidade de capitais e mão de obra, disponibilidade de crédito, custos fixos relativamente baixos, escala, respeito a propriedade privada e otimismo quanto ao futuro, entre outras qualidades. O Brasil apresenta, em maior ou menor grau, cada um dos atributos mencionados pelo autor.
Em relação aos fatores que inibem o empreendedorismo no Brasil, Passos (2007) apontou que, para os empreendedores, a principal dificuldade é a falta de recursos financeiros, seguida pelas insuficientes políticas governamentais de incentivo, o difícil acesso à infraestrutura física e a dificuldade de conquistar clientes para seus produtos. Especialistas mencionam ainda problemas relacionados à educação e treinamento como barreiras ao desenvolvimento dos negócios. Para Katz (2003), a educação empreendedora continuará uma importante e crescente disciplina acadêmica ao redor do mundo. Graevenitz, Harhoff e Weber (2010) afirmam que são importantes políticas educacionais que veem o treinamento empreendedor como uma maneira de informar os estudantes sobre essa opção de carreira e de criar oportunidades de aprendizagem para calibrar e refinar suas avaliações de quais carreiras são mais apropriadas.
4 ABORDAGEM METODOLÓGICA: PROSPECÇÃO DO FUTURO COM A TÉCNICA DELPHI Para Wright e Giovinazzo (2000), na sua formulação original, o Delphi é uma técnica para a busca de um consenso de opiniões de um grupo de especialistas a respeito de eventos futuros, baseando-se no uso estruturado do conhecimento e da experiência de um painel de especialistas, no James Terence Coulter Wright; Antonio Thiago Benedete Silva & Renata Giovinazzo Spers Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7 , n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 182 pressuposto que o julgamento coletivo, quando organizado adequadamente, é melhor do que a opinião de um só indivíduo. A evolução em direção a um consenso obtido no processo representa uma consolidação do julgamento intuitivo de um grupo de peritos sobre eventos futuros e tendências. A Técnica Delphi passou a ser disseminada no começo dos anos 1960, com base em trabalhos desenvolvidos por Olaf Helmer e Norman Dalker, pesquisadores da
O Delphi realizado pela internet, segundo Giovinazzo e Fischmann (2001), conserva as mesmas premissas características de uma pesquisa Delphi tradicional, ou seja, são mantidos o anonimato dos respondentes, a representação estatística da distribuição dos resultados e o
Rand Corporation (Estes & Kuespert, 1976). O objetivo original era desenvolver uma técnica para aprimorar o uso da opinião de especialistas na previsão tecnológica. Na metodologia desenvolvida, isso era feito estabelecendo-se três condições básicas: o anonimato dos respondentes, a representação estatística dos resultados e o feedback de respostas do grupo para reavaliação nas rodadas subseqüentes (Martino, 1993). Ao longo do tempo, o método passou a ser utilizado para previsão de tendências e identificação de políticas e estratégias sobre os mais diversos assuntos. feedback de respostas do grupo para reavaliação nas rodadas subsequentes, sendo os resultados da primeira rodada divulgados na internet, para que possam ser considerados pelo grupo no preenchimento da segunda rodada. A sequência básica de atividades envolvidas na execução de um Delphi Eletrônico é descrita e ilustrada na Figura 1. O mercado de trabalho no futuro: uma discussão sobre profissões inovadoras, empreendedorismo e tendências para 2020 Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 183 Figura 1- Sequência de Execução de uma Pesquisa Delphi Eletrônica Sim Início: objetivos da pesquisa
Elaboração do questionário e seleção dos painelistas
1ª Rodada: Respostas pela internet
Tabulação e análise dos questionários recebidos
É necessário introduzir questões?
Elaboração do novo questionário e disponibilização no site
Nova rodada de respostas pela internet
Tabulação e análise dos questionários recebidos
A convergência das respostas é satisfatória?
Conclusões gerais e relatório final
Fim
Sim
Não
Não
Elaboração das novas questões
Procedimentos executados pelos coordenadores
Procedimentos executados pelos respondentes
Fonte: Giovinazzo e Fischmann (2001). Com base nessa sequência de etapas, inicialmente foi definido o objetivo da pesquisa, o qual deve ser claro, especificando o horizonte de tempo e o tipo de resultado desejado. É importante que o objetivo de pesquisa seja traduzido em necessidades específicas de informação. O objetivo definido para esta pesquisa foi identificar as profissões mais prováveis de se desenvolver no futuro e onde estarão as oportunidades de negócios para empreendedores, considerando o ano de 2020.
Em seguida foi realizada uma coleta de dados secundários com análise de vasta literatura sobre o tema, tendo em vista compor o questionário. Tal revisão contemplou fontes especializadas no tema, como a revista
No que se refere à seleção dos painelistas, a pesquisa contou com um grupo de formação multidisciplinar, atuantes no mercado de trabalho e reconhecidamente conhecedores de tendências para profissões e oportunidades de negócios. Conforme afirmam Giovinazzo e Fischmann (2001), a

qualidade do resultado depende essencialmente dos participantes do estudo. Para esta pesquisa, especificamente, foram realizadas duas rodadas de consulta a especialistas, com 96 respondentes na Rodada 1 e 112 respondentes na Rodada 2. O Quadro 1 apresenta o perfil dos participantes. RODADA 1 RODADA 2
Formação Acadêmica (%) Cargo (%) Formação Acadêmica (%) Cargo (%)
Graduação 13 Analista 13 Graduação 11 Analista 5
Mestrado 19 Gerente 22 Mestrado 16 Gerente 39
Doutorado 8 Diretor 31 Doutorado 6 Diretor 33
Pós-Doutorado 1 Professor 12 Pós-Doutorado 1 Professor 10
Livre-docente 1 Sócio 16 Livre-docente 1 Sócio 7
MBA/especialização 58 Consultor 5 MBA/especialização 65 Consultor 5
The Futurist, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e sites na internet de órgãos governamentais responsáveis pela implementação de políticas públicas relacionadas ao mercado de trabalho. Nessa pesquisa, o questionário foi elaborado com questões abertas e fechadas. James Terence Coulter Wright; Antonio Thiago Benedete Silva & Renata Giovinazzo Spers Revista de Administ ração e Inovação, São Paulo, v. 7 , n. 3, p. 174-197, jul ./set . 2010 184

segunda-feira, 28 de março de 2011

sustentabilidade de fato

O homem não inventou a roda, ele precisou dela e a fez, a necessidade trás a solução, pelo menos a sua idéia. Nenhum propósito surge inesperadamente, caminhamos pela adaptação, por isto ainda estamos aqui e outros não. Não existe invenção, mas evolução. A sustentabilidade, aparece como ferramenta vital para comportar uma quantidade de pessoas tão superior num período de 100 anos, de 1 bilhão para 6 bilhões, com certeza nosso planeta não supriria nossas necessidades e ainda podendo atingir um colapso ambiental se nada for feito, afinal foi muito rápido tal mudança, os transformadores agora são muitos, configurando-se mais com um destruidor. O que nos salva é justamente a evolução que nos mostra os caminhos que devemos agora percorrer. Historicamente nossa civilização mostrou uma incrível capacidade de se reinventar para continuar vivendo com suas novas estruturas, técnicas são evoluídas sempre que necessário[1], o clamor da nossa existência não deixa agirmos como um parasita descontrolados. Sustentabilidade então é precisamente uma ferramenta de controle das nossas alterações no planeta, que só aconteceu nesta era por ser necessário, é como se tivesse sendo chamada ao palco.


[1] Exemplo do Egito antigo que inventaram a conservação dos alimentos, para te-los nos momentos de escassez, isto 2.000 a.C, Podemos com comparar também com as navegações, do século XV, o mundo Europeu ficou pequeno, nossas terras precisavam ser conquistadas, e assim aconteceu e o mundo mudou.

terça-feira, 8 de março de 2011

Financeiro comercial, por David Junior Bras dos Reis

Nossos horizontes são outros, na verdade ficaram infinitos, aquele mundo determinado, regrado sem criticidade faliu, como dizer, não há mais paredes, como o sonho de uma criança de correr livre, em busca de desafios. Neste mundo novo, limites existem, mas hoje eles são desejados e não mais impostos, um mundo de aventuras se coloca clamando por seus heróis sedentos por desafios. Tal liberdade de não negar o passado, e sim uni-lo em um conjunto de parceiros, numa luta que não há exatamente um inimigo que não seja a si próprio. Não seguiremos recomendações, embora ao dizer isto estou recomendando. O novo mundo é sempre novo, interminável, um constante vir-à-ser, fluindo na beleza do inédito.

Portanto, hoje, sim, podemos ser financeiro comercial, comercial financeiro, um sabe controlar, é seguro, não arrisca, não pode errar, o outro, argumenta, tem bom relacionamento, arrisca, precisa bater metas, é dinâmico, influência ao redor. Enfim, que não é perfeito, mas satisfeito e com facilidade entregara o que é esperado, surpreendendo muitas vezes, seu Feeling não é mais financeiro, ou comercial, e sim, resultado, O NEGOCIO.

Por David Junior Bras Reis